Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 13 de abril de 2018

José Maria de Souza Dantas - Poema ‎

Enquanto arte a deter significado ilimitado, o poeta acerca-se da poesia de modo tentativo, buscando descobrir os segredos da existência, iluminando as coisas que deram certo ou errado, até apreender o sentido último dos fatos, sentimentos e emoções pelos quais passamos.

E o poema é assim como um ovo Fabergé – uma beleza pura –, quando o poeta, com o seu talento requintado, logra decantar no texto a essência mesma da realidade, esse fio condutor de onde resultam mensagens inspiradoras, pedagógicas, compromissadas, enigmáticas, quando não autorreferentes.

J.A.R. – H.C.

José Maria de Souza Dantas
(n. 1936)

Poema

Para Afrânio Coutinho

É o resultado de um grito maior,
de uma morte vivida,
de uma vida radical,
tomada violentamente.
É o resultado da chama,
do olhar que se consola,
do aperto definitivo,
do abraço cruel.
É o resultado de
cabeça, tronco, mãos e pés
revoltando-se
vertiginosamente.
É o que fica de tudo
que se foi fazendo
que se foi formando
que veio descendo
do texto
para o chão.

Margens da Liberdade
(Oleg Tchoubakov: pintor bielorusso)

Referência:

DANTAS, José Maria de Souza. Poema. In: __________. Cenário. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1986. p. 62-63.

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