Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 14 de janeiro de 2018

Christina Rossetti - Canção ‎

Para este famoso poema da poetisa inglesa, o poeta Manuel Bandeira, como se nota, apresenta uma espécie da paráfrase e não exatamente uma tradução que se aproxime do literal. Mas pouco importa: o que vale é a beleza, a fluidez e a musicalidade dos versos.

Christina e o seu amado, ainda vivos, são as duas figuras entre as quais a mensagem do poema se desenrola. Contudo, a poetisa antevê a própria morte e, para tal estado, enfatiza sentimentos distintos em cada uma das estrofes: na primeira, propõe a dispensa do luto em razão de seu iminente falecimento; na segunda, lastima a ausência de experiências pungentes que somente em vida podem ser apreciadas.

J.A.R. – H.C.

Christina Rossetti
(1830-1894)
Pintura de Dante Charles Gabriel Rossetti

Song

When I am dead, my dearest,
Sing no sad songs for me;
Plant thou no roses at my head,
Nor shady cypress tree:
Be the green grass above me
With showers and dewdrops wet;
And if thou wilt, remember,
And if thou wilt, forget.

I shall not see the shadows,
I shall not feel the rain;
I shall not hear the nightingale
Sing on, as if in pain:
And dreaming through the twilight
That doth not rise nor set,
Haply I may remember,
And haply may forget.

A Morte da Jovem
(Jakub Schikaneder: pintor tcheco)

Canção

Em minha sepultura,
Ó meu amor, não plantes
Nem cipreste nem rosas;
Nem tristemente cantes.
Sê como a erva dos túmulos
Que o orvalho umedece.
E se quiseres, lembra-te;
Se quiseres, esquece.

Eu, não verei as sombras
Quando a tarde baixar;
Não ouvirei de noite
O rouxinol cantar.
Sonhando em meu crepúsculo,
Sem sentir, sem sofrer,
Talvez possa lembrar-me,
Talvez possa esquecer.

Referências:

Em Inglês

ROSSETTI, Christina. Song. In: __________. Poems and prose. Edited with na Introduction and Notes by Simon Humphries. Oxford, NY: Oxford University Press, 2008. p. 21-22. (“Oxford World’s Classics”)

Em Português

ROSSETTI, Christina. Canção. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956. p. 143. (Coleção “Rubáiyát”).

2 comentários:

  1. Nunca esqueci deste poema, como alguns outros preciosamente traduzidos/interpretados por Bandeira. Foi um dos primeiros que li na adolescência. Obrigada pela partilha.

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    1. Prezada Bluuu: Desculpe-me o erro na exclusão, totalmente sem querer, no comentário que você postou num escrito de Gibran. De fato, queria lhe responder, como ora lhe faço, mas acabei selecionando "Excluir Comentário" - e o sistema não tem a passagem "Você tem certeza de que quer excluir este comentário?", pois exclui direto.
      Seja como for, agradeço-lhe muito por esta e pela outra nota.
      Um abraço.
      João A. Rodrigues

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