Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 6 de janeiro de 2018

Alphonsus de Guimaraens - Canção dos Três Reis Magos ‎

A voz lírica, atribuível ao próprio poeta – em cujo peito se encontra a extinta chama de menino –, associa um a um dos três reis magos às instâncias do céu, do purgatório e do inferno, relacionando-os cada qual, ademais, a um sentimento próprio, a saber, amor, pesar e tédio, respectivamente.

Tudo se passa no espírito do vate, onde superados estão os atributos da aurora da vida, tal que por agora se vê imerso na mescla dual e enigmática do bem e do mal, e a sua variante catártica, capaz de libertar a alma dos desregramentos pelos quais eventualmente transitou.

J.A.R. – H.C.

Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)

Canção dos Três Reis Magos

O menino que quereis
Está morto no meu peito:
Procurai, Senhores Reis,
Que o encontrareis no seu leito.

Os três Reis Magos do Oriente
Chegaram sem que eu soubesse.
Tristemente, tristemente,
O primeiro do Céu desce.

Já não quero o teu afago,
Meu amor, pobre Rei Mago!

O segundo Rei do Oriente
Do Purgatório chegou.
Tristemente, tristemente,
Quantas lágrimas chorou...

Enxuga o olhar mudo e vago,
Meu pesar, pobre Rei Mago!

O terceiro Rei do Oriente
Vem do Inferno, e está de luto.
Tristemente, tristemente,
Os seus gemidos escuto.

Ah! como tu vens pressago,
Tédio atroz, pobre Rei Mago!

Os Três Reis
(Edmund Lewandowski: artista norte-americano)

Referência:

GUIMARAENS, Alphonsus de. Canção dos três reis magos. In: __________. Poesia completa. Organização de Alphonsus de Guimaraens Filho, com a colaboração de Alexei Bueno e Afonso Henriques Neto. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 2001. p. 200. (Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira)
  

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