Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 16 de maio de 2017

Samuel Penido - A Poesia e Seu Sítio

O poeta paulista (1934-2006) revela como é a poesia em seu sítio: um domínio de metáforas a nadar no córrego dos dias, uma para cada dia. E nesse domínio frutificam as palavras para nomear os nascentes seres estranhos, do que decorre a abertura de outros tantos dicionários.

Perceba, leitor, que o poeta usa todos os sentidos, a visão em especial, para arriscar-se na captura do que há por trás das imagens do conjecturado sítio: um transbordamento da natureza que resulta, por igual, na exacerbação da aventura semântica sobre a terra.

J.A.R. – H.C.

Um Pomar na Primavera
(Claude Monet: pintor francês)

A Poesia e Seu Sítio

O sítio,
viveiro de signos.

Seres estranhos nascendo,
nomeá-los convinha.

Um outro dicionário
então se abria.

Os frutos brilhando,
o permanente cio.

Como deter
o alarido de imagens?

Palavras novas
logo soavam
como trinos.

E num córrego
nadava a metáfora
de cada dia.

Colheita de Maçã
(Camille Pissarro: pintor francês)

Referência:

PENIDO, Samuel. A poesia e seu sítio. In: CONGÍLIO, Mariazinha (Selecção e Coordenação). Antologia de poetas brasileiros. 1. ed. Lisboa, PT: Universitária Editora, 2000. p. 175.

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