Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Geoffrey Chaucer - Desde que escapei do amor

Há quem engorde depois de casado. Mas há quem, depois de afastado dos laços do amor, fique, do mesmo modo, mais cevado. Seria o caso do “eu lírico” que enuncia o poema abaixo, o qual, para muitos estudiosos, de fato não teria saído da pena do mesmo autor de “The Canterbury Tales” (“Os Contos de Cantuária”).

De um estado conciliador com as coisas do bem-querer, vai-se ao outro extremo, em que as probabilidades de reconciliação são praticamente nulas, porque um ao outro retirou do léxico os verbetes que antes definiam um estado de comprometimento conjugal.

J.A.R. – H.C.

Geoffrey Chaucer
(1343-1400)

Since I from Love escaped am so fat

Since I from Love escaped am so fat,
I never think to be in his prison lean;
Since I am free, I count him not a bean.

He may answer and say right this and that;
I do no force, I speak right as I mean.
Since I from Love escaped am so fat,
I never think to be in his prison lean.

Love hath my name stricken out of his slate,
And he is struck out of my bookes clean
For ever more, there is no other mean.
Since I from Love escaped am so fat,
I never think to be in his prison lean;
Since I am free, I count him not a bean.

Homem Gordo Tocando Violino
(Alberto Godoy: pintor cubano)

Desde que escapei do Amor fiquei tão gordo

Desde que escapei do Amor fiquei tão gordo,
Não cogito mais em voltar à sua mísera prisão;
Já que livre estou, tenho-o em pouca conta.

Pode ele refutar e bem dizer isto e aquilo;
Não me importo, falo à vontade o que penso.
Desde que escapei do Amor fiquei tão gordo,
Não cogito mais em voltar à sua mísera prisão.

O Amor suprimiu meu nome de sua lista,
E de meus livros ele foi repelido e apagado
Para todo o sempre, não há outro meio.
Desde que escapei do Amor fiquei tão gordo,
Não cogito mais em voltar à sua mísera prisão;
Já que livre estou, tenho-o em pouca conta.

Referência:

CHAUCER, Geoffrey. Since I from love escaped am so fat. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, ‎‎2009. p. 52.

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