Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Carl Sandburg - Carta Aberta a Emily Dickinson

Uma estrela no firmamento onde planam todos os espíritos que espargem poesia sobre a terra, e a quem se oferece, à escolha, o calor das chamas e o espinho capaz de atrair a divindade como testemunha.

Num coração aflito, é a dedicatória de um sofrimento em vida que se interpõe em grande parte dos poemas de Dickinson, sofrimento que se deduz como privação ou carência de afeto, talvez mais mental que físico, de onde, seja como for, decorre algum proveito espiritual.

J.A.R. – H.C.

Carl Sandburg
(1878-1967)

Public Letter to Emily Dickinson

Five little roses spoke
for God to be near them,
for God to be the witness.

Flame and thorn were there
in and around five roses,
winding flame, speaking thorn.

Pour from the sea
one hand of salt.
Take from a star
one finger of mist.
Pick from a heart
one cry of silver.

Let be, give over
to the moving blue
of the chosen shadow.

Let be, give over
to the ease of gongs,
to the might of gongs.

Share with the flamewon,
choose from your thorns,
for God to be near you,
for God to be witness.

Natureza-Morta: Cinco Rosas
(Patrick Hennessy: pintor irlandês)

Carta Aberta a Emily Dickinson

Cinco rosinhas pediram
a Deus, que chegasse perto,
a Deus, que testemunhasse.

Chama e espinho estavam dentro
E em torno das cinco rosas,
Chama inquieta, voz de espinho.

Do mar um pingo
colhe de sal;
daquela estrela,
algo de névoa;
o ai de prata
de um coração.

Larga, abandona
ao móbil azul
da sombra mais rara.

Larga, abandona
à calma dos gongos,
à força dos gongos.

Divide com as chamas,
teu espinho elege,
para que Deus chegue perto,
para que Deus testemunhe.

Referência:

SANDBURG, Carl. Carta aberta a Emily Dickinson. Tradução de Carlos Drummond de Andrade. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia traduzida. Organização e notas de Augusto Massi e Júlio Castañon Guimarães. Introdução de Júlio Castañon Guimarães. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2011. Em inglês: p. 346; em português: p. 347. (Coleção “Ás de colete”; 20)

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