Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ivan Junqueira - O Poder

Um poema sobre o poder e o seu potencial para o bem e para mal, sua capacidade de mudar a face da terra, e propensão a mostrar o que cada um de nós é na realidade, quando o detém.

Logo o poder, que já foi objeto de tragédias memoráveis, como “Antígona”, de Sófocles, ou “Hamlet”, de Shakespeare, esse obscuro objeto de desejo, surge com toda a sua máxima força descritiva neste poema selecionado pelo crítico José Nêumanne Pinto, como um dos melhores entre os brasileiros do século passado!

J.A.R. – H.C.

Ivan Junqueira
(1934-2014)

O Poder

Eis o poder: seus palácios
hospedam reis e vassalos,
messalinas, pajens glabros,
eunucos, aias, lacaios,
e até artistas e ratos.

Uma só migalha basta
à sordícia que se alastra,
e pronto surge uma talha
onde o cenário é lavado
para o próximo espetáculo.

O poder é assim: devasta,
corrompe, avilta, enxovalha,
do reles pároco ao papa,
e não há um só que escape
ao seu melífluo contágio.

Se alguém o nega ou o afasta,
compram-no logo, à socapa,
a peso de ouro ou de prata.
E se acaso não o fazem,
mais simples ainda: matam-no.

Tem o poder muitas faces:
a que se crispa, indignada,
a que te olha de soslaio,
a que purga e chega às lágrimas,
a que se oculta, enigmática.

Mas são apenas disfarce,
formas várias que se esgarçam,
por entre véus e grinaldas,
porque assim vertem mais fácil
o vitríolo em tua taça.

E tu, rei de Tule, aos lábios
leva sempre, ávido, o cálice,
não por amor nem saudade
de quem se foi, entre as vagas,
de um castelo à orla do mar,

mas só porque, embriagado,
são de engodo as tuas asas
e de cobiça os teus passos,
que vão aquém das sandálias
e se arrastam rumo ao nada.

O poder é aquele pássaro
que te aguarda sob os galhos.
Tudo ele dá, perdulário,
De ti quer apenas a alma,
Por inteiro. Ou a retalho.

Lênin proclama o poder dos sovietes
(Valentin Serov: pintor russo)

Referência:

JUNQUEIRA, Ivan. O poder. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século. Ilustrações de Tide Hellmeister. 2. ed. São Paulo, SP: Geração Editorial, 2004. p. 235-237.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Olga Orozco - A Realidade e o Desejo

Num poema dedicado pela poetisa argentina Olga Orozco ao poeta espanhol Luis Cernuda – de quem ontem roubamos um poema para aqui postá-lo –, repete-se em seu título – “La Realidad y el Deseo” (“A Realidade e o Desejo”) – a mesma expressão que se atribuiu à recolha integral dos poemas de Cernuda.

A bem dizer, o poema de Olga sintetiza o espírito de que se reveste a obra de Cernuda – um autor assumidamente homossexual –, sempre muito pautada pelo dilema entre aparências e realidade. Daí porque o último verso da poetisa neste seu achado elogioso é um fecho dourado que sintetiza bastante a ideia intercorrente: a realidade como um selo de clausura sobre todas as portas do desejo.

J.A.R. – H.C.

Olga Orozco
(1920-1999)

La Realidad y el Deseo

A Luis Cernuda

La realidad, sí, la realidad,
ese relámpago de lo invisible
que revela en nosotros la soledad de Dios.

Es este cielo que huye.
Es este territorio engalanado por las burbujas de la muerte.
Es esta larga mesa a la deriva
donde los comensales persisten ataviados por el prestigio
de no estar.
A cada cual su copa
para medir el vino que se acaba donde empieza la sed.
Y cada cual su plato
para encerrar el hambre que se extingue sin saciarse jamás.
Y cada dos la división del pan:
el milagro al revés, la comunión tan sólo en lo imposible.
Y en medio del amor,
entre uno y otro cuerpo la caída,
algo que se asemeja al latido sombrío de unas alas
que vuelven desde la eternidad,
al pulso del adiós debajo de la tierra.

La realidad, sí, la realidad:
un sello de clausura sobre todas las puertas del deseo.

De: “Mutaciones de la Realidad” (1974)

Fada do Lago
(Autoria Desconhecida)

A Realidade e o Desejo

A realidade, sim, a realidade
esse relâmpago do invisível
que revela em nós a solidão de Deus.

É este céu que foge.
É este território engalanado pelas borbulhas da morte.
É esta longa mesa à deriva
onde os comensais continuam paramentados pelo prestígio
de não estar.
A cada qual sua taça
para medir o vinho que se acaba onde começa a sede.
E a cada qual seu prato
para acabar com a fome que se extingue sem saciar-se jamais.
E a cada dois a divisão do pão:
o milagre ao avesso, a comunhão tão somente no impossível.
E em meio ao amor,
entre um e outro corpo, a queda,
algo que se assemelha à batida sombria de umas asas
que regressam da eternidade,
ao toque do adeus sob a terra.

A realidade, sim, a realidade:
um selo de clausura sobre todas as portas de desejo.

Referência:

OROZCO, Olga. La realidad y el deseo. In: TAPSCOTT, Stephen (Ed). Twentieth-century latin american poetry: a bilingual anthology (Spanish-English). Fifth paperback print. Austin (TX): University of Texas Press, 2003. p. 282.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Luis Cernuda - Não dizia palavras

O poema que abrilhanta este espaço hoje, “No decía palabras” (“Não dizia palavras”, pertence à obra “Los Placeres Prohibidos” (“Os Prazeres Proibidos”), de 1931, de autoria do poeta e crítico andaluz Luis Cernuda.

Mostra-se palpável o tema de amor centrado muito mais no domínio corporal ou carnal que no espiritual: emerge a expressão do desejo a unir a um corpo outro corpo capaz de sonhar, sem exigência de resposta. Pois como bem diz o poeta, o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém ainda logrou saber.

J.A.R. – H.C.

Luis Cernuda
(1902-1963)

No decía palabras

No decía palabras,
acercaba tan sólo un cuerpo interrogante,
porque ignoraba que el deseo es una pregunta
cuya respuesta no existe,
una hoja cuya rama no existe,
un mundo cuyo cielo no existe.

La angustia se abre paso entre los huesos,
remonta por las venas
hasta abrirse en la piel,
surtidores de sueño
hechos carne en interrogación vuelta a las nubes.

Un roce al paso,
una mirada fugaz entre las sombras,
bastan para que el cuerpo se abra en dos,
ávido de recibir en sí mismo
otro cuerpo que sueñe;
mitad y mitad, sueño y sueño, carne y carne,
iguales en figura, iguales en amor, iguales en deseo.
Aunque sólo sea una esperanza,
porque el deseo es una pregunta cuya respuesta nadie sabe.

Não Fale
(Milena Nobre: pintora portuguesa)

Não dizia palavras

Não dizia palavras,
aproximava tão somente um corpo interrogante,
porque ignorava que o desejo é uma pergunta
cuja resposta não existe,
uma folha cujo ramo não existe,
um mundo cujo céu não existe.

A angústia abre caminho por entre os ossos,
retorna pelas veias
até abrir-se na pele,
jorros de sonho
feitos carne em interrogação lançada às nuvens.

Um toque de passagem,
um olhar fugaz entre as sombras,
bastam para que o corpo se abra em dois,
ávido de receber em si mesmo
outro corpo que sonhe;
metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Ainda que seja somente uma esperança,
porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.

Referência:

CERNUDA, Luis. No decía palabras. In: DE LA VEGA, Garcilaso et al. Los cien mejores poemas de amor de la lengua española. Madrid (ES): Editorial Verbum, 2013. p. 74.

domingo, 27 de setembro de 2015

Paul Éluard - Negação da Poesia

Em tradução atribuída à escritora e tradutora portuguesa Maria Gabriel Llansol, vemos aqui um dos mais expressivos poemas do poeta francês Paul Éluard: trata-se de uma evocação a um amor que já se foi, ou melhor, não por mera permuta de amantes, mas pelo passamento mesmo da amante.

O poeta recusa a morte da amante e espera compartilhar de sua imobilidade, por experimentar um sentimento de morte em vida. Viverá doravante, como bem reconhece, na angústia e no tormento, empertigado pelo silêncio do poema vivo que não virá a escrever.

J.A.R. – H.C.

Paul Éluard
(1895-1952)

Négation de la Poésie

J’ai pris de toi tout le souci tout le tourment
Que l’on peut prendre à travers tout à travers rien
Aurais-je pu ne pas t’aimer
O toi rien que la gentillesse
Comme une pêche après une autre pêche
Aussi fondantes que l’été

Tout le souci tout le tourment
De vivre encore et d’être absent
D’écrire ce poème

Au lieu du poème vivant
Que je n’écrirai jamais
Puisque tu n’es pas là

Les plus tenus dessins du feu
Préparent l’incendie ultime
Les moindres miettes de pain
Suffisent aux mourants

J’ai connu la vertu vivante
J’ai connu le bien incarné
Je refuse ta mort mais j’accepte la mienne
Ton ombre qui s’étend sur moi
Je voudrais en faire un jardin

L’arc débandé nous sommes de la même nuit
Et je veux continuer ton immobilité
Et le discours inexistant
Qui commence avec toi qui finira en moi
Avec moi volontaire obstiné révolté
Amoureux comme toi des charmes de la terre.

Duas Vidas
(Nice Ventura: artista brasileira)

Negação da Poesia

Aliviei-te de angústias e inquietações, de tudo
O que nos pode atormentar através de tudo através de nada
Teria eu podido não te amar a ti
Tu nem que fosse só pela tua gentileza
Como um pêssego após outro pêssego
A desfazer-se na boca como um verão

Toda a angústia todo o tormento
De continuar vivendo a ser ausente
E a escrever este poema

No lugar do poema vivo
Que não escreverei
Como não estás aqui comigo

Os mais tênues esboços do fogo
Preparam o derradeiro incêndio
As mais pequenas migalhas de pão
Bastam aos moribundos

Eu conheci a virtude viva
Eu conheci o bem tornado corpo
Eu recuso a tua morte mas aceito a minha
Teria desejado fazer um jardim
Da sombra que de ti se estende sobre mim

Repousado o arco fazemos parte da mesma noite
E eu quero continuar a imobilidade que agora é tua
O discurso inexistente
Que começando em ti acabará em mim
Comigo voluntário obstinado em revolta
Apaixonada como tu pela terra-maravilha.

Referências:

Em francês:

ÉLUARD, Paul. Négation de la poésie. Disponível neste endereço. Acesso em: 02 set. 2015.

Em português:

ÉLUARD, Paul. Negação da poesia. Tradução de Maria Gabriela Llansol. Disponível neste endereço. Acesso em: 02 set. 2015.

sábado, 26 de setembro de 2015

Lêdo Ivo - Soneto do Empinador de Papagaio

Nos moldes rígidos de um soneto, topamos aqui com o poeta Lêdo Ivo bem distante dos cânones modernistas que tanto cultuou. Mas apesar da forma fixa do poema, já somos capazes de perceber as remissões a um mundo de liberdades que se concentram na figura de um empinador de papagaios.

Há certa nostalgia da infância, resgatada por um homem já suficientemente maduro, em pleno “inverno” da vida”, consciente de seus limites temporais, mas não menos consciente de que sua cosmovisão pessoal pode ser legada à eternidade pela robustez de sua poesia.

J.A.R. – H.C.

Lêdo Ivo
(1924-2012) 

Soneto do Empinador de Papagaio

A nada aceito, exceto a eternidade,
nesta viagem ambígua que me leva
ao altar absoluto que, na treva,
espera pela minha inanidade.

O que sonhei, menino, hoje é verdade
de alva estação que em meu silêncio neva
o inverno de uma fábula primeva
que foi sol, cego à própria claridade.

Na hora do fim de tudo, separados
fiquem os dois comparsas do destino
que sabe a cinza após o último alento.

E a morte guarde em cova os injuriados
despojos do homem feito; que o menino
empina o papagaio, vive ao vento.

Meninos soltando pipas
(Cândido Portinari: artista brasileiro)

Referência:

IVO, Lêdo. Soneto do empinador de papagaio. In: __________. Os melhores poemas de Lêdo Ivo. Seleção de Sérgio Alves Peixoto. 2. ed. São Paulo, SP: Global, 1990. p. 103. (Os Melhores Poemas, n. 2)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Rudyard Kipling - A Chamada

Eis aqui o discurso amoroso da “Pátria Amada”, em primeira pessoa, a convocar à volta os filhos que partiram para terras distantes: uma preleção que vai além de simples convocatória, já que comporta vaticínios que se pretendem com poderes para vergar a vontade dos infensos à ideia de regresso.

Mas para os que aceitam a volta sem reservas, o chão natal lhes promete encher o coração de conhecimento e os olhos com lágrimas, que se bem compreendemos o sentido do poema, seriam de gratidão.

J.A.R. – H.C.

Rudyard Kipling
(1865-1936)

The Recall

I am the land of their fathers,
In me the virtue stays.
I will bring back my children,
After certain days.

Under their feet in the grasses
My clinging magic runs.
They shall return as strangers.
They shall remain as sons.

Over their heads in the branches
Of their new-bought, ancient trees,
I weave an incantation
And draw them to my knees.

Scent of smoke in the evening,
Smell of rain in the night –
The hours, the days and the seasons,
Order their souls aright,

Till I make plain the meaning
Of all my thousand years –
Till I fill their hearts with knowledge,
While I fill their eyes with tears.

In: “Actions and Reactions”

O Som da Pátria
(Albert Anker: artista suíço)

A Chamada

Eu sou a terra de seus pais,
Em mim a virtude habita.
Trarei os meus filhos de volta,
Passados alguns dias.

Sob os seus pés na grama
Opera o meu apego mágico.
Eles regressarão como estrangeiros.
E continuarão sendo meus filhos.

Sobre suas cabeças, nos ramos
De suas antigas e recém-compradas árvores,
Eu teço um sortilégio
E os atraio até meus joelhos.

Cheiro de fumaça ao fim da tarde,
Olor de chuva durante a noite –
As horas, os dias e as estações
Põem suas almas em ordem.

Até que eu deixe claro o sentido
De todos os meus mil anos –
Até que de saberes os corações eu sacie,
Enquanto lhes ponho lágrimas nos olhos.

Referência:

KIPLING, Rudyard. The recall. In: David Arscott (Sel.). A Sussex Kipling: an anthology of poetry and prose. Sussex, UK: Pomegranate Press, 2007.p. 141.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Gilberto Mendonça Teles - A Casa de Vidro

Que poema inefável, carregado de uma memória que não se deixa extinguir, situado no intercurso que separa o mundo do exprimível em palavras, daquele outro que é absoluto eco em direção à eternidade.

Como tantos que têm origem na pena do goiano Gilberto Mendonça Teles, o poema abaixo ratifica a grandeza de sua poesia, a mesclar discurso aprazível, efeito depurativo do meramente transitório e consciência artística.

J.A.R. – H.C.

Gilberto Mendonça Teles
(n. 1931)

A Casa de Vidro

A Celuta Mendonça Teles

No sonho e na poesia
vai-se elaborando a essência
do que não se perde nem se altera
na língua comum dos homens.

Anterior às circunstâncias,
filtrada de si mesma e seu refúgio,
a imagem não conheceu ainda nem o remorso
nem a fuligem mais precária da vida.

E pode assim surgir na transparência
de uma casa de vidro, onde a figura
real de minha mãe, iluminada,
me sorria e acenava,
                    deslizando-se
pelo perfil das portas invisíveis.

Aí o seu espírito sereno
foi-se igualando à pura densidade
da luz, quando o seu nome, rarefeito,
de repente ecoou no mais extremo,
no sem-fim da fala absoluta.

Mãe e Filho
(Vladimir Volegov: artista russo)

Referência:

TELES, Gilberto Mendonça. A casa de vidro. In: GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 87.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Jaime Torres Bodet - Resumo

Um poema, em espanhol no original, que resume o cerne das mais recorrentes meditações filosóficas do gênero humano: quem somos, qual a nossa missão aqui na Terra, o transcurso da vida e, por fim, a morte.

São extremamente significativos os seus versos finais, quando o seu autor – o político, escritor e poeta mexicano Jaime T. Bodet – sublinha a tendência que atinge muitos de nossos pares, senão nós mesmos, depois de atingirmos certa experiência na lida diária: “Vivemos somente de crer no que fomos / Sempre seremos póstumos”.

J.A.R. – H.C.

Jaime Torres Bodet
(1902-1974)

Resumen

Vivimos de no ser… De ser morimos.
Somos proyecto en todo mientras somos.
Proyecto de esperanza en el deseo;
y, cuando poseemos lo esperado,
proyecto de evasión, sed de abandono.
En el joven trigal, lo verde es siempre
ansiedad de la espiga. Acaba em oro.
Pero ¿dónde comienza cuanto acaba?

Vivimos de inventar lo que no somos.

En cambio, este magnífico absoluto
de lo que ya no sufre deterioros,
de lo que ya no pueden
modificar ni el tiempo ni el olvido,
este sólido trozo
de vida inalterable que es la muerte
¡cómo nos garantiza y nos define
y nos revela y nos demuestra en todo!

Vivimos sólo de creer que fuimos.
Seremos siempre póstumos.

Trigal Verde com Ciprestes
(Vincent van Gogh: pintor holandês)

Resumo

Vivemos de não ser... De ser morremos.
Somos projeto em tudo enquanto somos.
Projeto de esperança no desejo;
e, quando possuímos o esperado,
projeto de evasão, sede de abandono.
No jovem trigal, o verde é sempre
ansiedade da espiga. Acaba em ouro.
Mas onde começa tudo quando acaba?

Vivemos de inventar o que não somos.

Em contrapartida, este magnífico absoluto
do que já não sofre desgaste,
do que já não podem
modificar nem o tempo nem o olvido,
esta sólida porção
de vida inalterável que é a morte
como nos subscreve e nos define
e nos revela e nos expõe em tudo!

Vivemos somente de crer no que fomos.
Sempre seremos póstumos.

Referência:

BODET, Jaime Torres. Resumen. In: TAPSCOTT, Stephen (Ed.). Twentieth-century latin american poetry: a bilingual anthology (Spanish-English). Fifth paperback print. Austin (TX): University of Texas Press, 2003. p. 184-185.