Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Charles Dickens - Portsmouth




PORTSMOUTH - INGLATERRA

“Aquelas lágrimas me haviam suavizado tanto, e de novo irromperam no curso daquele trajeto tranquilo, que, já na carruagem, já fora da cidade, ponderei, com o coração dorido, se não seria melhor descer, durante a troca dos cavalos, e voltar, passar mais uma noite em casa e fazer uma despedida melhor. Durante a troca, eu ainda não me decidira, e pensava, reconfortado, que, durante a troca seguinte, ainda seria praticável descer e voltar”.

(‘Grandes Esperanças’ – Charles Dickens – Escritor Inglês)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Hermann Hesse - Calw



CALW - ALEMANHA

“Cada época, cada cultura, cada costume e tradição têm o seu próprio estilo, têm sua delicadeza e sua severidade, suas belezas e crueldades, aceitam certos sofrimentos como naturais, sofrem pacientemente certas desgraças. O verdadeiro sofrimento, o verdadeiro inferno da vida humana reside ali onde se chocam duas culturas ou duas religiões. Um homem da antiguidade, que tivesse de viver na Idade Média, haveria de sentir-se tão afogado quanto um selvagem se sentiria em nossa civilização. Há momentos em que toda uma geração cai entre dois estilos de vida, e toda a evidência, toda a moral, toda salvação e inocência ficam perdidos para ela. Naturalmente isso não atinge a todos da mesma maneira”.

(‘O Lobo da Estepe’ – Hermann Hesse – Escritor Alemão Naturalizado Suíço)

Dostoiévski - Moscou



MOSCOU - RÚSSIA

“É difícil julgar a beleza. Eu, pelo menos, ainda não sou capaz. A beleza é um enigma [...]. É verdade, príncipe, que o senhor disse uma vez que a Beleza salvaria o mundo? Senhores! - exclamou bem alto, dirigindo-se para o grupo inteiro - aqui o príncipe afirma que a Beleza salvará o mundo! Participo-lhes que a razão desta sua ideia tão radiosa advém do fato de estar ele apaixonado”.

(‘O Idiota’ – Fiódor Dostoiévski – Escritor Russo)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A Falta de Instrução



Haroldo: "É um direito permanecer na ignorância?"
Calvin: "Não sei, mas recuso-me a descobrir"


Abstraindo a ironia que há por trás das palavras de Calvin, é bastante triste ver pessoas que, pela pouca instrução, não são capazes sequer de se manterem saudáveis ou mesmo sustentarem-se vivas, no pleno sentido da palavra.

Muitos dos casos ocorrem por pura falta de oportunidades. Outros tantos, por uma escolha individual que, no médio ou longo prazos, acarreta ônus a terceiros que não foram chamados à consulta sobre a decisão então tomada  - ou, mais extensamente, a toda a sociedade.

Relembro o exemplo levantado por Dworkin, famoso jurista americano, sobre irmãos que tiveram a mesma educação formal - pontos de partida similares na luta pela vida, sob a percepção rawlsiana -, sendo que um decide instruir-se mais a fundo para tornar-se empresário e independente financeiramente, enquanto o outro prefere usufruir a vida em estágio natural, com hábitos simples, tal como os de um pescador.

Se a decisão do segundo irmão tiver sido, como se espera, autônoma, poderia ele postular direitos à sociedade, se consequências adversas lhe sobrevierem como resultado de sua própria escolha? Dificilmente, não?

Não obstante, a pergunta de Haroldo não pode ficar sem resposta! Evasivas como a de Calvin precisam ser confrontadas à necessidade de se instruir o ser humano, qualquer que seja ele, para ganhar estatura de um ente autônomo, crítico de sua própria condição, e não mera massa de manobra a ser "usada" politicamente para interesses escusos.

Não se faz um país sem educação de qualidade, Calvin!

J.A.R./H.C.

Liev Tolstói - Yasnaya Polyana (Tula)



YASNAYA POLYANA (TULA) - RÚSSIA

“Creio que o amor ... essas duas classes de amor que, como te deves lembrar, Platão define no seu Banquete, constituem a pedra de toque dos homens. Uns só compreendem um destes amores; os demais, o outro. E os que só compreendem o amor não platônico, esses não têm o direito de falar de dramas. Com um amor dessa classe não pode existir nenhum drama. ‘Agradeço-lhe muito o prazer que me proporcionou, e adeus’. Nisso consiste todo o drama. E no que diz respeito ao amor platônico, também esse não pode produzir dramas, porque nele tudo é puro e diáfano [...]”.

("Anna Karenina" - Liev Tolstói - Escritor Russo) 

Thomas Mann - Lübeck



LÜBECK - ALEMANHA

"Que beleza! Ah, esse sopro do torrão natal, o aroma e a plenitude da planície, depois de tão prolongada privação! O ar ressoava com vozes de aves, pios, silvos, gorjeios, chilidos e soluços, cheios de fervor, de graça e de doçura, sem que se enxergasse um único passarinho. Hans Castorp sorriu, respirando gratamente. E o quadro tornava-se ainda mais belo. Um arco-íris curvava-se sobre um lado da paisagem, um arco completo e nítido, puro na sua magnificência, com o brilho úmido de todas as suas cores, que, untuosas como óleo, inundavam o verde espesso e reluzente. Mas isso parecia música, era como o som intenso de harpas, mesclado de flautas e violinos! O azul e o violeta, sobretudo, espalhavam-se maravilhosamente. Tudo se confundia com eles, como por um feitiço, transformando-se, evoluindo de modo sempre e cada vez mais belo".

('A Montanha Mágica' - Thomas Mann - Escritor Alemão)